Barbara é una giornalista brasiliana che vive a Firenze dal 2005. Penso che sia la prima brasiliana residente in Italia che abbia conosciuto, e di sicuro é grazie a lei che ho iniziato questo blog. Questo é un post abbastanza vecchio, scritto da lei nel 2008, ma rende molto bene alcune differenze tra la cultura italiana e quella brasiliana. In rete esistono molti post su questo argomento, scritti da brasiliani, la maggior parte donne, che in qualche modo descrivono le loro impressioni su noi italiani. Ma la grande maggioranza sono molto offensivi nei nostri riguardi, mettendo in risalto i nostri difetti invece delle nostre qualità, oppure poco obiettivi o con l'intenzione, voluta o no, di prenderci in giro. Barbara invece riesce a parlare di queste differenze con uno spirito e un'idea differente, molto piú civile, seria e con parzialità. Peccato che brasiliani come lei siano pochi.
Antes de vir morar na Italia imaginava que as diferenças culturais entre o país-tropical-abençoado-por-Deus e a terra do Papa seriam praticamente inexistentes. Não me refiro a diversidade geográfica e climática, mas sim a de personalidade dos habitantes. Depois de quase quatro anos morando na Italia começo a enxergar melhor essas pequenas “sutilezas” de comportamento. Sua vida na Italia poderá ficar muito mais fácil se você entender certas coisas…
Isola dei Famosi
Esses pensamentos vieram à tona ontem à noite, quando assistia um dos episódios finais do reality show italiano Isola dei Famosi. Um grupo de “náufragos” famosos e não famosos deve sobrivever em uma ilha deserta em Honduras, no Caribe, sem ausência de qualquer comodidade moderna, mais ou menos como deviam viver os seres humanos nos primórdios dos tempos. A apresentadora Simona Ventura selecionou candidatos bem variados, entre eles uma brasileira, Veridiana Mallman que foi eliminada ontem.
Resolvi falar sobre Veridiana porque ela representa o retrato do brasileiro recém chegado: chegou na Italia há cerca de 8 meses, não fala o italiano muito bem, ainda tem o espírito mais para brasileiro do que para o italiano.
O sorriso
Os brasileiros são muito bem recebidos pelos italianos, mas existem coisas que despertam dúvidas e geram incômodo. Uma delas é o sorriso constante. Veridiana por exemplo: estava sempre rindo. É a natureza brasileira, não sei nem da onde vem, mas em geral somos um povo feliz, o sorriso sai fácil.
O italiano se sente intimidado com tanto sorriso. Pensa: ou essa pessoa é pouco inteligente ou está tirando com a minha cara. O sorriso gera desconfiança: “essa pessoa é uma falsa, está tentando me convencer de que é feliz o tempo todo.”
Não que os italianos não sejam felizes, não me interpretem mal. Mas os ânimos são mais contidos, as emoções são escondidas. Quem ri sempre são os estúpidos, aquelas pessoas com algum tipo deficiência (e aqui existem muitos, não sei se é a natureza ou se no Brasil eles vivem segregados e escondidos).
Quem me deu essa lição foi uma senhora dos seus 50 anos de origem Pugliese que logo no início da minha vida italiana veio a ser minha “chefe”. Um belo dia ela virou para mim e disse “mas porque você está sempre rindo?” e me explicou suas desconfianças de que ou eu tinha problemas ou estava tirando sarro da cara dela. Bem, no meu caso o trabalho durou uma semana, saí correndo de lá!
Capacidade de expressão
Voltemos a Isola dei Famosi. Quem teve a oportunidade de assistir o programa deve ter visto como era um drama cada vez que Veridiana abria a boca: ela falava muito e dizia pouco. Ou seja: usava muito tempo e muitas palavras sem transmitir seu pensamento com clareza. Dava até para perceber uma certa impaciência de Simona Ventura, tentando interrompê-la o mais rápido possível.
Assim como o telespectador se entendiava quando ela falava, na vida real acontece a mesma coisa: o interlocutor não tem muita paciência para escutar e acaba não prestando muita atenção. Com o tempo isso gera aquela sensação de “ninguém me entende”. Mas para felicidade geral, um pouco de estudo resolve o problema.
Belen, outra “náufraga” da Isola dei Famosi, também vem da América do Sul (Argentina), mas já não enfrenta essa mesma dificuldade de expressão. Os anos de Italia e o namorado italiano (o jogador de futebol Marco Borriello) ajudam.
Relacionamento
O brasileiro está acostumado a ter um milhão de amigos. Você senta em um bar, conhece uma pessoa nova, na próxima vez que o encontrar já o apresentará como “esse aqui é meu amigo fulano de tal”. Na Italia receber o título de “amigo” é quase tão difícil como conquistar uma medalha de ouro nas Olimpíadas.
Se você trabalha sempre com uma pessoa, depois vai a uma festa com essa pessoa, como a apresenta? O italiano dirá “questo é il mio collega fulano de tal”. Sim, sempre colega mesmo que vocês trabalhem juntos há anos! Será que é só um modo para dizer a mesma coisa? Vamos apelar ao dicionário
Collega: compagno di professione, di studi, di ufficio, ecc. Socio in un’impresa, in un’attività, chi si trova nelle stesse condizioni di un’altra persona.
Amico: che è benevolo; chi è legato a qualcuno con affetto e familiarità: l’amico d’infanzia, l’amico del cuore.
Entenderam? O que diferencia um do outro é o sentimento. O collega é um colega por simples casualidade, o amigo é aquele do coração, que faz parte da nossa vida.
Talvez o brasileiro chame todo mundo de amigo porque mesmo por um breve período de tempo, deixa que aquela pessoa entre no seu coração. Aqui é preciso demonstrar, provar, merecer.
Na Italia cada um tem o seu papel e deve saber muito bem como não ultrapassar os limites da vida alheia. Tanto é que uma das expressões mais usadas é “Non mi permetterei mai” ou “Non ti permettere”.
No caso de Isola dei Famosi, Veridiana era a mais influenciável das pessoas. Parecia concordar com tudo e com todos e transmitiu assim a idéia ao público italiano de ser falsa. De não ter caráter. Da perspectiva brasileira eu diria que ela é simplesmente uma menina jovem que queria ser feliz, abraçada, se divertir, dar risada e que sofria porque de um lado o seu namorado dizia uma coisa, do outro sua amiga Belen dizia outra e ela ia para lá e para cá, sem assumir uma posição. Sem saber analisar a situação a fundo, sem olhar crítico. Muito mais guiada pela emoção.
Conclusão
A chave para entender as diferenças entre a cultura brasileira e a italiana é a emoção e o olhar crítico. Os brasileiros são emotivos, os italianos críticos. Para o italiano o ser muito emotivo é pouco preparado. Para o brasileiro, o ser muito crítico pode parecer simplesmente um infeliz. Dois lados da moeda, que misturados podem render um ótimo tempero! (ou uma crise de personalidade… rs)
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