Il Brasile è più violento del Medio Oriente


La violenza in Brasile é un dato di fatto e quasi una caratteristica saliente di questo paese. Numeri alla mano i morti in Brasile sono uguali o superiori a quelli nelle regioni di conflitto, con la differenza che qui non ci sono attenuanti di carattere religioso, etnico o politico. E nemmeno serve dire o pensare che tali morti occorrono solo in determinate fasce sociali. I delitti, i furti, le rapine e ogni genere di crimine violento avvengono quotidianamente in tutte le cittá del Brasile, grandi o piccole che siano, colpendo persone di ogni ceto sociale. Persone innocenti che pagano con la loro vita o con i loro beni le nefandezze di certi individui.

A violência no Brasil, persistente e indomável, é assustadora até para quem vive em áreas de guerra declarada.

Recentemente passei uma semana de férias no Brasil e, como sempre, a pergunta que mais ouvi foi: “Você não tem medo de morar no Oriente Médio?”.  Em seguida, quase no mesmo fôlego, me contavam sobre algum assalto, arrastão, sequestro, homicídio, ou alguma outra modalidade de crime que virou rotina no Brasil.  A quantidade de mortes violentas é comparável ou maior que em regiões de conflito. E o Oriente Médio é que é perigoso?

Em sua coluna de hoje na Folha, Clóvis Rossi chama a atenção para o problema com a argúcia habitual e o misto de indignação e espanto que o tema desperta. No Brasil, lembra Rossi, “inexistem os fatores agravantes”, étnicos, geopolíticos e religiosos, de um conflito como o do Afeganistão, “exceto uma clivagem social obscena. Mas, se dizem que ela está diminuindo, como explicar que não diminua também a violência, se valesse a teoria de que a criminalidade é decorrência predominantemente de fatores sociais?”

Os números falam por si. Segundo um estudo do Instituto Sangari, os homicídios no Brasil tiveram aumento de 259% nos últimos 30 anos anos, apesar da ascensão econômica do país. Em 2010 foram 49,9 mil homicídios. Para efeito de comparação, é menos que em um ano e oito meses de guerra civil sangrenta na Síria, que já deixou cerca de 30 mil mortos.

O descalabro brasileiro supera em vítimas os piores conflitos somados. De acordo com o estudo, a média anual de mortes por homicídio no Brasil é maior que a de vítimas de enfrentamentos armados no mundo. Entre 2004 e 2007, 169,5 mil pessoas morreram nos 12 maiores conflitos mundiais. No Brasil, o número de mortes por homicídio no mesmo período foi 192,8 mil.

Já fui a quase todas as capitais do Oriente Médio e nunca senti a insegurança das grandes cidades  brasileiras. Em nenhum país da região os motoristas andam sempre de janelas fechadas, como no Brasil. Vidros escurecidos nos carros, uma horrenda moda no Brasil, são inexistenses. Carros blindados são coisa para chefes de Estado e chefões da máfia.

Cobri guerras e estive em situações perigosas, mas é outro tipo de insegurança. Mesmo nas guerras civis, como na Líbia e na Síria, a linha de frente é de alguma forma delimitada. No Brasil, o front é onipresente.

Alguns dias antes de eu deixar o Brasil, um relato de arrepiar foi publicado por Eliane Catanhêde em sua coluna na Folha. Uma perseguição em alta velocidade, bandidos armados fazendo cavalo de pau na madrugada de Brasília, ameaças, tudo para roubar o carro da jornalista. Coisa de cinema, até para quem mora num lugar que virou sinônimo mundial de violência, a faixa de Gaza.

Na minha última visita a Gaza, um amigo veio me contar, visivelmente impressionado, sobre um filme brasileiro que tinha acabado de ver. Me encheu de perguntas, estava chocado com o nível de violência e queria saber se era verdade ou ficção. O filme era Tropa de Elite.  Expliquei como pude, sem botar panos quentes. Contei que a situação melhorara no Rio com as UPPs e mencionei como curiosidade que um dos pontos mais violentos da cidade, no Complexo da Maré, tinha o apelido de faixa de Gaza. O amigo ficou indignado…

O jornalista local que me ajudou na produção das reportagens em Gaza, circulava com um reluzente Rolex no pulso, que garantia ser verdadeiro. No Brasil alguém tem coragem?

Jerusalém, o epicentro do conflito israelense-palestino, é hoje uma das cidades mais seguras que conheço. É possível andar na rua a qualquer hora sem medo de assalto. O mesmo em Beirute, famosa pela guerra civil e, no passado mais recente, pelos carros-bomba. No Cairo, onde a segurança piorou depois da revolução, com a debandada da polícia, ainda fico muito mais tranquilo caminhando pelas ruas de madrugada do que no Rio ou São Paulo.

 No Rio, onde todos me dizem que a situação melhorou, peguei um táxi na zona sul e o motorista não tinha troco para uma nota de R$ 50. A explicação: com medo de assalto, prefere não andar com muito dinheiro. A que ponto chegamos.

Não tenho nenhuma intenção de glorificar o Oriente Médio, uma região cheia de irracionalidade e violência sem sentido: tensões sectárias, intolerância religiosa, extremismos e divisões tribais. Disso estamos livres, felizmente.  Mas bem que eu gostaria de poder abrir a janela do carro quando estou no Rio ou em São Paulo.

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